Vila Pouca da Beira|

Vila Pouca da Beira lançou obra sobre “ex-líbris” da freguesia

transformado nos últimos anos em Pousada.

Uma homenagem ao povo de Vila Pouca da Beira e ao seu “ex-líbris” – o Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento – é assim que pode resumir a “história” agora editada da construção deste monumento datado do século XVIII, transformado na última década numa unidade hoteleira de charme, integrada na rede de Pousadas de Portugal.
O livro, da autoria do conhecido historiógrafo de “conventos”, Correia Góis, com inúmeras obras editadas neste campo, foi apresentado em Vila Pouca da Beira, precisamente no interior do monumento mandado construir por iniciativa de uma “grande mulher” da freguesia: Genoveva do Espírito Santo, que em 1780 “do nada conseguiu erguer esta preciosidade”. “Ela é uma grande lição de vida e de fé e a prova de que quando se quer muito, tudo é possível”, afirmou a presidente da Junta de Freguesia, também ela uma mulher, Graciosa Fontinha, no lançamento de uma obra que, no seu entender, vem preencher uma lacuna existente sobre a história deste Convento, pois “vem dar a conhecer e evidenciar a riqueza patrimonial, material e imaterial, que é este ex-líbris de Oliveira do Hospital”. “Mais do que um documento este livro será uma forma de revelar a obra e perpetuar a memória da sua fundadora”, referiu a autarca, confessando assim ter concretizado “um sonho antigo”.
A apresentação da obra esteve a cargo do pároco António Borges de Carvalho, que enalteceu o trabalho do autor desde logo, por ter sido capaz de “reconstruir a história sem a falsificar”. Um trabalho de investigação que segundo o pároco transmite “uma riqueza que a maior parte de nós não conhece e que merece ser conhecida”. Mais do que uma síntese ou um resumo do livro, António Borges deixou-se “envolver” na história, realçando sobretudo a força e a determinação de uma “pobre mulher pastora e analfabeta” – Genoveva Maria, que correu o país inteiro, tendo tido mesmo contactos com a Corte,deslocando-se até ao Brasil, a “esmolar”, recolhendo largos donativos para a construção deste convento. A viagem a terras de Vera Cruz não podia ter sido mais produtiva, trazendo de lá joias e pedras preciosas que reverteram para a edificação do convento.
Aos 40 anos, e depois de conseguir inúmeras doações e donativos, Genoveva do Espirito Santo assumia a liderança de um projeto que foi feito à imagem e semelhança do Louriçal. “Tinha de saber ler e escrever para conseguir isto, porque passaram por aqui muitos senhores”, acredita o pároco, lembrando a data da morte da última religiosa, e a posse do edifício por parte da Fazenda Nacional, em finais do século XIX.
Para quem não sabe, o antigo convento do Desagravo foi colégio de freiras – quando ainda não havia “nada no concelho” relacionado com educação e formação feminina – veio a ser mais tarde um hospital, acolhendo nos últimos anos, uma das mais bonitas Pousadas de Portugal, cujo imóvel pertence à Fundação Bissaya Barreto. “Esta deve ser uma homenagem a todos aqueles que se sacrificaram e que deram tudo para a sua construção e que viram ir tudo por água abaixo”, afirmou o pároco, num certo tom de lamento.
Uma obra agora perpetuada em livro, graças à iniciativa da Junta de Freguesia e ao apoio da Câmara Municipal, que segundo o autor são a prova de como o poder local “substitui muito bem o poder central”. O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, entende também que este livro só vem “engrandecer a cultura desta freguesia e do concelho”, pois além de promover e defender a memória de um povo, dá a conhecer a história de um monumento “que nos enche de orgulho”.

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